SAÚDE

Como escolher o melhor método contraceptivo?

A escolha do método contraceptivo pode garantir uma rotina de proteção mais segura e eficaz.

O planejamento familiar sempre foi um tema prioritário para a humanidade. A história revela que, ainda na Grécia antiga, as mulheres faziam uso de plantas naturais com o propósito de evitar a gravidez indesejada. Os antigos egípcios também tinham essa cultura milenar, já que há registros de uso de “tampões” vaginais feitos com folhas, linho e excremento de crocodilo.

 

As soluções evoluíram e foi na década de 1960 que surgiu a primeira pílula anticoncepcional, remédio que combinava os hormônios estrogênio e o progestágeno, marcando uma fase de revolução sexual e independência feminina. Embora a pílula anticoncepcional tenha se popularizado com sucesso e atualmente haja diversas opções de marcas disponíveis no mercado, o uso diário requer disciplina e boa memória. Quem não toma a pílula no mesmo horário ou se esquece de tomá-la por um ou mais dias, acaba comprometendo a eficácia do método e corre o risco de engravidar. Segundo uma pesquisa sobre uso da pílula com 4.500 jovens mulheres de nove países, as brasileiras lideram o ranking das esquecidas. O estudo TANCO – Think about Needs in Contraception (Pensando nas Necessidades em Contracepção, em português) encomendado pela Bayer, revelou que 58% das brasileiras se descuidam com frequência, enquanto a média global do esquecimento ficou em 39%.

 

Qual é o melhor método anticoncepcional?

Cada mulher é única e a solução contraceptiva não deve ser a mesma para todas. É importante buscar orientação de um médico ginecologista para encontrar a opção de contracepção que se encaixe na sua rotina e seja bem aceita pelo seu organismo. A busca por um novo método anticoncepcional pode surpreender, especialmente as opções para a contracepção de longo prazo.

 

Em vez de cuidar da rotina de tomar pílula todos os dias, que tal apostar em uma solução para ficar protegida e despreocupada durante vários anos? Os métodos contraceptivos reversíveis de longa duração (LARC, sigla em inglês para Long-Acting Reversible Contraception) englobam o dispositivo intrauterino (DIU), o sistema intrauterino (SIU, que é mais conhecido como DIU hormonal) e os implantes hormonais.

 

Esses métodos são alternativas mais seguras para a contracepção, que não causam aumento de peso e não prejudicam a fertilidade da mulher no futuro. Segundo um estudo da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, o índice de falha da pílula é de 9%, enquanto o DIU é mais eficaz, com falha que varia de 0,2 a 0,8%, divulgou a revista Saúde.

 

DIU

O DIU é um pequeno dispositivo plástico em forma de “T” que contém um fio de cobre. Ele deve ser inserido dentro do útero da mulher por um ginecologista, durante procedimento que dura cerca de 15 minutos. O fio de cobre provoca alterações no endométrio, o tecido que reveste o interior do útero. Com isso, o muco dessa região passa a ter características tóxicas para os espermatozoides, impedindo a fecundação.

 

O DIU de cobre não interrompe a ovulação e age como contraceptivo por até dez anos. Como desvantagem, pode gerar um aumento do fluxo menstrual e cólicas mais frequentes. Por isso, não é indicado para mulheres com menstruação intensa, pois pode causar problemas como a anemia.

 

SIU

SIU, ou DIU hormonal, é uma estrutura plástica que também deve ser inserida no útero e age liberando pequenas doses do hormônio levonorgestrel por até cinco anos. Uma das vantagens é que a dosagem reduzida de hormônio e com ação bem localizada não causa reação sistêmica no organismo da mulher. A ação local do SIU provoca alterações no muco cervical, impedindo que o óvulo se fixe no útero.

 

Além de ser eficaz e seguro, o DIU hormonal reduz muito ou até mesmo pode interromper a menstruação. Por isso, há, inclusive, DIU hormonal com indicação para tratamento do Sangramento Uterino Anormal (SUA). Eles também podem tratar a endometriose, uma doença que se manifesta com a presença do endométrio em outros órgãos como os ovários e trompas. Com a liberação de hormônio dentro do útero, o SIU inibe o desenvolvimento do tecido endometrial e, com isso, ajuda a aliviar os sintomas da endometriose.

 

Implantes hormonais

Já os implantes hormonais são pequenas cápsulas em formato de bastão, medindo cerca de 4 centímetros, com ação que varia de seis meses a três anos. O implante é subcutâneo, sendo então inserido debaixo da pele do braço da mulher. Ele funciona liberando o hormônio etonogestrel, que impede a liberação do óvulo do ovário e dificulta a entrada de espermatozoides no colo do útero por alterar a secreção de muco. Leia mais sobre os implantes no Portal Gineco, da Bayer.

 

Quer tirar dúvidas sobre os métodos anticoncepcionais de longo prazo? Confira as verdades e mitos sobre essas soluções com a Dra. Thais Ushikusa, ginecologista, obstetra e líder da área médica de saúde feminina da Bayer no vídeo abaixo.

Gravidez indesejada é um problema de saúde pública

Você sabia que mais de 55% das brasileiras que tiveram filhos não planejaram a gravidez? Um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz revelou o cenário brasileiro, cujo percentual é superior à taxa média mundial de 40% de gestações não intencionais.

 

O resultado desaponta já que, de acordo com a médica Carolina Sales, professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, mais de 80% das mulheres brasileiras usam anticoncepcionais no Brasil. “Como que a taxa de gestação não planejada chega a 55,4%? Isso é explicado pela falta de métodos de longa duração. Só temos 2% das mulheres usando DIU ou implante", afirmou Carolina em reportagem da BBC Brasil.

 

Segundo ela, os métodos mais utilizados no Brasil são a pílula e o preservativo. Por serem mais sujeitos ao uso incorreto, não conseguem prevenir a gravidez em todos os casos. “Não há como garantir a eficácia da pílula em caso de esquecimento ou má adesão. Não à toa, ela e a camisinha apresentam cerca de 20 vezes mais falhas que os DIUs e implantes”, afirmou a médica Carolina Sales em artigo na revista Saúde.

 

O período de distanciamento social em combate ao coronavírus pode agravar o cenário de contracepção no mundo, já que a quarentena pode dificultar o acesso aos serviços de saúde que oferecem métodos contraceptivos. De acordo com a estimativa do Fundo das Nações Unidas para a População (Unfpa), da ONU, se o bloqueio durar 6 meses, cerca de 47 milhões de mulheres em 114 países de baixa e média renda podem ficar sem acesso a contraceptivos modernos, levando a cerca de 7 milhões de gestações indesejadas.

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